"Das mãos saiu a arte, já a cadência foi pro pé" -
Samba na ponta do Lápis
Redação por Thiago Castilha, Edição por Thaís Marini
Já faz um
tempo que não escrevo no Social Samba Club e confesso que depois do ingresso
das nossas editoras Vera e Thais Marini, o Social melhorou muito e passou de um
projeto para um site especializado em Samba e seus pertences. Nossa linha
editorial busca personagens diversos que vivenciam o Samba e dessa forma
procuramos apresentar diversos olhares de diferentes perspectivas. Já
entrevistamos Chef's de cozinha, Músicos, Dançarinos, Baianas (de Escolas de
Samba) e nosso desafio é apresentar histórias interessantes sempre com os
batuques no pano de fundo.
Às vezes
algumas histórias surgem do nada, como esta - Outro dia estava pelo Social
Samba e vi uma ilustração com o casal de dançarinos Anderson Mendes e Brenda e
confesso que fiquei curioso. Entrei em contato com o artista e descobri uma
história que valeria a pena ser registrada. Para minha surpresa novamente, além
de amante do Samba e artista plástico, André Torres também é poeta. Pela
qualidade do texto que recebi no lugar da entrevista, resolvi publicar na
integra.
Formado em
Educação Física, especializado em Medicina Chinesa (Acupuntura e Massoterapia) e
Artista Plástico (por natureza) André Torres, carioca da gema, vive
atualmente em Barcelona há dois anos onde faz especialização em
Acupuntura e estuda Artes e seu sonho é estudar na Faculdade Bellas Artes de Barcelona.
Confiram na
integra a história de André Torres, com exclusividade aqui no Social Samba CLub
Noite na Lapa - André Torres |
Parecido a esta biografia, eu não estava de bobeira, também nasci em São Cristovão, mas não morei em Madureira. Carioca da gema, fui dividido aos 13 anos, entre o asfalto do Cajuti (Tijuca, na língua do "charpi" - bairro da zona norte carioca); E a Praia da Barra (situada na zona oeste). Estes foram os dois lugares onde eu cresci.
Cresci também atravessando a Floresta da Tijuca, pela mata fui caminhando. Tomei banho de cachoeira, vi o por do sol da Pedra Bonita, fui ao topo da Pedra da Gávea, vi a lua nascer querida.
Também vi dar nesse meu rio, Rio verde que tem vida, um novo Rio florescer. A Natureza é a sabedoria, pois parte da matéria-prima, a arte viva de viver. "E de toda esta vida, vida louca, 'loka' vida , vida breve: Já que eu não posso te levar, quero que você me leve." (Cazuza).
E que me leve para o mar, pois foi no mar que eu me criei. Sou um filho de
Yemanjá, beira de mar me batizei.
O mar é minha vida, o surf é meu prazer, é o meu estilo de vida, meu jeito carioca de ser.
Quando criança ao som do piano, eu me despertava. De Beethoven a Mozart, minha mãe sempre tocava. Já nos fins de semana de sol despertava meio bamba, com meu pai no tamborim e na vitrola MPB, Beatles e Samba. O Meu pai era da Mangueira, minha mãe era da ópera; E com toda esta riqueza, eu aprendi a tocar viola. Assim, vou do rap ao rock, do samba ao hip-hop. A vida é uma arte e minha arte vai ser pop!
O mar é minha vida, o surf é meu prazer, é o meu estilo de vida, meu jeito carioca de ser.
Quando criança ao som do piano, eu me despertava. De Beethoven a Mozart, minha mãe sempre tocava. Já nos fins de semana de sol despertava meio bamba, com meu pai no tamborim e na vitrola MPB, Beatles e Samba. O Meu pai era da Mangueira, minha mãe era da ópera; E com toda esta riqueza, eu aprendi a tocar viola. Assim, vou do rap ao rock, do samba ao hip-hop. A vida é uma arte e minha arte vai ser pop!
Flamenco de Bamba - André Torres |
Desenho desde pequenino, sem nunca ter feito escola, só na arte é que você aprende à medida que ¨ocê¨ cola.
Já no colégio, tive boa educação, estudei em boa escola, enquanto tive condição, bendito são meus pais, dessa vida corajosa. Estudar nunca foi meu forte, eu só tinha uns dois 10. Era na Educação Física e na Artística, sempre usando as mãos e os pés.
O Encontro do Malandro e da Mulata - André Torres |
É Samba, É Surf na Barra da Tijuca André Torres |
Os pés me levaram até a Lapa; E a noite me apresentou a dança.
Que me conduziu para um baile de gala, dançar a dois foi a esperança.
"Peguei a
escura e fiz um traçado
Dancei um trocado numa perna só
Falando assim parece brincadeira
Num instante a gafieira virou um forró."
(Jackson do pandeiro)
Das mãos saiu à arte, já a cadência foi pro pé
É no ¨ForróFieira¨ que eu me encaixo, na cultura eu tenho fé!
Pois eu pinto o que vivo, pois eu vivo o que sou
Sou Samba de Terreiro; Gafieira, SamSurf Soul.
De Sambas Democráticos, o samba é social
O Social Samba de bermuda, pois no samba é tudo igual.
Desde que o samba é samba... É assim.
É samba pra todo mudo, samba você, deixa ela sambar... samba pra mim.
(André Torres - Torres, 2013).
Dancei um trocado numa perna só
Falando assim parece brincadeira
Num instante a gafieira virou um forró."
(Jackson do pandeiro)
Das mãos saiu à arte, já a cadência foi pro pé
É no ¨ForróFieira¨ que eu me encaixo, na cultura eu tenho fé!
Pois eu pinto o que vivo, pois eu vivo o que sou
Sou Samba de Terreiro; Gafieira, SamSurf Soul.
De Sambas Democráticos, o samba é social
O Social Samba de bermuda, pois no samba é tudo igual.
Desde que o samba é samba... É assim.
É samba pra todo mudo, samba você, deixa ela sambar... samba pra mim.
(André Torres - Torres, 2013).
SamSurf no Arpex - André Torres |
"PINTAR É COMO SURFAR
tem que se conectar, deixar fluir
Respirar...
SURFAR É COMO DANÇAR
não se pode pensar, deixar-se conduzir
Levitar...
DANÇAR É COMO AMAR
é abrir o coração, se permitir
Iluminar..."
(Minha Filosofia de vida – Torres, 2011).